O planalto sul-brasileiro é resultado de camadas de sucessivos derrames de lavas, que, por efusão, subiram através de fendas na crosta terrestre e se derramaram sobre os sedimentos arenosos que formaram, no passado remoto, um gigantesco deserto na região. A segunda camada é conseqüência das transformações por que passaram os sedimentos arenosos submetidos às altas temperaturas das lavas incandescentes, o que originou um tipo de arenito metamorfizado duro e de granulação mais fina. Os basaltos e diabásicos recobrem a base arenítica em camadas de vários metros de espessura, formadas por sucessivos derrames de lavas. Em meio a essa mesma camada existem calcedônias e geodos de ágata e quartzo. É portanto fácil de compreender porque os primeiros caçadores-coletores da região tenham feito seus instrumentos de pedra lascada predominantemente de basalto e diabásio nas áreas mais altas do planalto, e acrescentado a estes os implementos de arenito metamórfico nas zonas mais baixas das encostas e do interior dos vales.
As alturas do planalto podem atingir mil metros nos cânions e rochedos das encostas do litoral, mas descem lentamente em direção ao interior onde dá origem às suaves coxilhas que atingem o leste do Paraguai e o nordeste da Argentina. É cortado por vales dos rios Ijuí, Taquari, Caí, Jacuí e Uruguai, que descem as encostas. Nas partes mais altas podem-se ainda hoje encontrar campos, que são remanescentes da última glaciação. Nessas paisagens, as pesquisas arqueológicas localizaram uma série de sítios instalados em extensas áreas onde existiam anteriormente, em muito maior quantidade do que hoje, as florestas tropicais mais para o norte e as florestas subtropicais nas porções meridionais. Mas a maioria de suas alturas é ainda hoje coberta por densas florestas subtropicais, em meio às quais se erguem os altos e majestosos pinheiros araucária, característicos dessa área.
Este ambiente, frio no inverno e agradável no verão, abrigou grupos de caçadores-coletores que ali estiveram estabelecidos no mínimo durante quatro milênios, entre 6.000 e 2.000 A.P., até o início das transformações culturais trazidas pelas técnicas da horticultura e da produção da cerâmica.
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
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